Num outro 29, porém de maio,
também fazíamos história, com a deflagração oficial da greve nacional dos
técnicos-administrativos em educação (TAEs), a qual havia sido aprovada na
UNILA duas semanas antes pela categoria, por unanimidade, a mesma unanimidade
que regeu o CONSUN no inesquecível momento da aprovação da flexibilização de
jornada de 30 horas em nossa universidade.
Uma conquista que deve ser
dividida, pois é de todos aqueles que colaboraram participando de discussões e
debates ao longo dos últimos doze meses, com maior intensidade nos 31 dias que
movimentaram o coletivo nas estruturas físicas que compõem a instituição.
Foram seis assembleias que
auxiliaram a constituição de três Comissões permanentes (Comunicação, Ética e
Atividades) e a construção conjunta da pauta local (protocolada dia 09/06),
deliberaram sobre as agendas de atividades e estratégias de ação, dando aos
presentes oportunidade de receber também informes sobre a greve em nível
nacional.
Mas como, de acordo com o texto
bíblico, nem só de pão vive o homem, nem só de assembleia vive um TAE em greve.
Uma série de ações, do âmbito lúdico ao político, do artístico ao formativo,
foram pensadas para que este importante momento de consolidação da coletividade
não fosse substituído pela aconchegante individualidade (por vezes dividida com
alguém pra chamar de seu) por cobertores, chás de camomila e cortinas escuras.
Pra começar, tudo isso não teria
sentido se toda a movimentação alusiva ao pleito anterior tivesse sido esquecida.
Sim, estamos a falar do SINDIUNILA, seção sindical local de nossa categoria,
que teve a posse simbólica da nova gestão, aclamada democraticamente em
assembleia no último dia 28 de maio.
No afã de qualificar a
instituição e o trabalho do servidor unileiro, foram constituídos três grupos
de trabalho (Gts), dois deles com encontros às tardes de terça (Gestão de
Pessoas e Projeto UNILA) e outro na tarde de sexta à tarde (Adicional de
Fronteira). Os dois primeiros GTs trataram de analisar deficiências e
excelências percebidas nas normativas dispostas no Estatuto e no Regimento
Geral da UNILA, além de debater sobre os princípios e programas previstos no
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), com base em dados do relatório da
Comissão Permanecente de Avaliação (CPA), que denotou amplo desconhecimento da
instituição por parte dos 89 técnicos-administrativos que responderam às
questões formuladas.
Os debates permearam toda a
instituição e suas problemáticas, com destaque para a presença de técnicos de
diversas formações e unidades, de professores do Ciclo Comum, do pró-reitor de
Gestão de Pessoas, Jair Jeremias Jr. e do assessor da Reitoria para a
Graduação, Geraldino Alves.
Até agora, foram concluídas uma
proposta de resolução acerca da paridade e de formulário a ser encaminhado aos
participantes, sem contar alguns pontos norteadores resultantes dos Gts, tais
como a necessidade de Revisão de Relatório de Avaliação, a Revisão de
Documentos (PDI, RGU e Estatuto), a Revisão de Princípios e o Diagnóstico
proposto.
Já o GT de Adicional de Fronteira
opera na perspectiva da regulamentação do artigo 71 da lei 8.112, via decreto
presidencial ou portaria de dirigente de autarquia, regulamentando o adicional
de fronteira na instituição, seguindo o precedente aberto pelo procurador-geral
da República aos servidores do órgão que atuam em regiões fronteiriças.
E que não pense o incauto colega
que a luta se restringiu aos muros e grades da UNILA. Nossos intrépidos TAEs
desbravaram terras oestinas em busca em apoio aos companheiros lotados nos
campi de Santa Helena e Toledo da Universidade Federal tecnológica do Paraná
(UTFPR), onde participaram ativamente de reuniões da categoria, debates sobre a
greve e a questão das 30 horas, assembleias dos Comandos de Greve locais, bem
como atos nas ruas daquelas cidades.
Logradouros públicos de Foz e
Curitiba também foram testemunhas do nosso palmilhar, que na próxima semana,
mais precisamente no dia 7, contemplará Brasília. A capital federal, que tem
sediado constantes reuniões do Comando de Greve nacional (com representação
unileira sempre presente), receberá, não exatamente de braços abertos, milhares
de TAEs na próxima semana, mais exatamente no dia sete, que reivindicarão melhorias quanto à carreira e uma proposta de
aumento menos indecente que os 21% distribuídos em quatro anos.
Importante salientar ainda a
participação dos discentes no processo, com a realização de duas mesas de
debate, pautadas na Reforma Universitária e na Paridade, duas questões de suma
importância a todas as categorias que compõem a nossa comunidade.
Como nos bares da vida, saímos de
uma mesa para outra, do debate à negociação. O vice-reitor Nielsen de Paula Pires e o procurador da
UNILA Egon de Jesus Suek receberam uma equipe de servidores assessorados pelo
advogado do SINDITEST, Ramon Bentivenha, no último dia 18 (quinta-feira), para
dar encaminhamento à discussão sobre a paridade e as eleições para reitor, bem
como a – agora devidamente aprovada – implantação da jornada de 30 horas, além
de questões de infraestrutura, liberação sindical e dos resultados parciais dos
Grupos de Trabalho.
O encontro foi amplamente
documentado e suas minúcias podem ser conferidas aqui mesmo, no blog da greve
UNILA 2015 e na fan page nas redes sociais, onde também é possível
encontrar que ainda detalhes sobre os dois Seminários de Greve já realizados,
cujos temas foram Reforma Política e Universitária: Sociedade e Educação
Emancipatória e Assédio Moral (02 e 25 de junho, respectivamente).
Em ambos os momentos, fomos
brindados por brilhantes expositores, de indiscutível relevância em suas áreas
de atuação, a saber: o juiz federal Marlon Reis e a professora da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), dra. Terezinha Martins dos Santos
Souza, a Têca.
Ocasionalmente, são promovidas
ainda algumas ações-relâmpagos mais ostensivas e pontuais, como aquela que
trancou as saídas de todos os veículos oficiais no último dia 18. Isto serve
para que a comunidade acadêmica perceba, por meio da ausência quanto à prestação
de algum serviço específico, a importância que os membros do corpo
técnico-administrativo têm no dia a dia.
Vale lembrar que também compôs a
programação do último mês uma belíssima ação voltada à doação de sangue junto
ao Hemonúcleo de Foz do Iguaçu, que além de movimentar no dia 15 de junho mais
de 50 servidores em prol da comunidade, sensibilizou diversos veículos de
comunicação locais. Além disso, outra importante instância de diálogo com um
dos mais avançados setores da sociedade civil organizada aconteceu com a
participação de TAEs na Pré-conferência de direitos humanos e debate LGBT, no
último dia 23.
Luz, Câmera, Ação! O Menino do
Pijama Listrado? Certamente seria um título inadequado à ocasião e que talvez
inspirasse alguns servidores menos assíduos às atividades de greve a seguirem
seus encontros com Morfeu. Com a exibição do filme chileno “No”, de Pablo
Larraín, no último dia 08, foi dada a largada para o primeiro Cinedebate, que
teve continuidade no dia 18, com a película francesa “Entre os Muros da Escola”
(Entre les murs, 2008), de Laurent Cantet.
Nesses encontros, um convidado
atua como facilitador de um debate em que as questões inerentes à nossa
realidade laboral são contrastadas com aspectos depreendidos da obra
cinematográfica em exibição.
Como nos bailes da vida, diria o
saudoso Fernando Brant, o “artista tem de ir aonde o povo está”! Nesse sentido,
os acampamentos lúdicos têm ocupado semanalmente a calçada em frente ao prédio
da Vila A, levando música, poesia e performances não somente aos trabalhadores
lotados naquela unidade, mas aos transeuntes, que certamente saem de sua
tranquila normalidade e param para interagir com a gente, gente de carne e osso
que são também.
Enfim, são tantos os passos já
galgados que, como versa a canção dos irmãos Borges, do Clube da Esquina,
“agora já não dá mais pra voltar atrás”, ainda que o vento de maio nos pareça
próximo quando sopra as nossas costas e que nem dê tempo de pensar na canção de
Renato Russo quando o primeiro de julho passar, de tão compenetrados e
conscientes que estaremos em nossa incansável luta, seguros de que não podemos
nos iludir com esta primeira grande batalha vencida, pois ainda temos muito pó
da estrada pela frente.
Assim caminha a humanidade, mas
esta já é uma outra música, ou melhor, uma outra história...
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