quinta-feira, 2 de julho de 2015

Aprovação da flexibilização da carga horária aumenta compromisso com a greve


 
 
A aprovação da flexibilização da jornada de trabalho dos técnicos-administrativos da UNILA, na última segunda-feira, já é um marco para a instituição. Esse feito histórico se concretiza por meio de vários elementos que permearam a longa reunião do Conselho Universitário (Consun) que deliberou a favor dos trabalhadores. Um dos elementos é a própria flexibilização do horário, que permitirá a extensão do atendimento da universidade. O segundo é o fato de, mesmo em meio à crise política em que a UNILA vive, docentes e discentes terem se unido aos TAEs em busca da aprovação, por entenderem o pleito destes como legítimo. Por fim, o marco histórico é configurado pela união de todos em busca da manutenção do projeto da universidade, em risco desde que a paridade foi colocada em xeque e a busca para uma solução à crise institucional

O feito mostra que a união — seja internamente ou externamente à classe — pode trazer resultados. Porém, apenas um, dos inúmeros pontos da pauta, foram conquistados. Por isso é necessário engajamento dos servidores e servidoras que ainda não aderiram à paralisação ou que apesar de estar em greve não participam e colaboram das atividades. 

 

Declarações de apoio 


 

O apoio que os técnicos conseguiram dos docentes e discentes foi expressado várias vezes na última segunda-feira. Nas mais de quatro horas de reunião do Consun, houve uma sucessão de intervenções evocando os anseios da comunidade unileira e defendendo “o projeto original da UNILA”, posto em xeque pelo Reitor com a possibilidade de os conselhos superiores deixarem de ter representações paritárias, com a presença das categorias em igual número. 

Apesar desse contexto crítico, grande parte dos conselheiros lembraram que somente estavam no encontro em respeito ao pleito dos técnicos, uma vez que não houvera convocação, pela Reitoria, de uma reunião extraordinária, conforme compromisso do reitor em reunião anterior. 

“Eu queria parabenizar a todos pelo momento de greve. As conquistas dos trabalhadores da nossa instituição. Mas é um dia que tem de ficar marcado. Por isso pedi a palavra, para falar sobre a ata da reunião anterior. É um dia que tem de ficar marcado como um ponto de repúdio. Eu expresso essa indignação em relação ao movimento do professor Josué desde a última reunião que tivemos até agora”, protestou, já no início da sessão deliberativa Luciano Wexell Severo, um dos representantes dos docentes. 

O mesmo tom foi seguido por outros conselheiros. Senilde Guanaes, também docente, criticou o posicionamento da Reitoria, mas antes parabenizou os TAEs e pediu as outras duas categorias que respeitem a greve. Por sua vez, Fabiana Zelinski fez um resgate ao analisar o feito. 

Como moradora da cidade, a conselheira, que representa o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), acompanhou a idealização, o surgimento e o crescimento da UNILA, definida por ela “como uma nova universidade” que todos querem. “A luta dos servidores públicos federais pelas 30 horas só vem agregar valor à luta de todos os trabalhadores. Como representante da comunidade externa, sei que ainda temos uma muitos trabalhadores com jornada de 44 horas e quando se tem pessoas lutando pela flexibilização, há a esperança de que todos tenham melhores condições”, contextualizou. 

 

30 horas 


Chamada popularmente de 30 horas, a flexibilização da carga foi lembrada ainda como não apenas uma luta dos servidores da UNILA, mas da classe em todo o país. Representante do Sinditest Paraná, Carla Cobalchini, destacou que reconhecer a nova jornada representava dois feitos, o primeiro fazer justiça. O segundo “reconhecer que os técnicos compõem a comunidade universitária”. 

Para ela, além de a aprovação da jornada pelo Consun não ser apenas uma vitória isolada, a sessão também se tornaria emblemática e exemplo para o país, por defender ainda a representatividade equânime: “Nós sabemos que tão importante quanto as 30 horas é a paridade dentro de uma universidade (..) A gente tem clara noção de que o Ministério da Educação não defende a democracia dentro da universidades. Quem nos representa somos nós mesmos, elegendo nossos representantes. Por isso temos a tranquilidade de dizer aqui que vamos, sim, votar as 30 horas hoje e temos tranquilidade que oportunistas não passarão. Vamos manter a nossa defesa histórica da democracia dentro das universidades e a UNILA vai ser espelho para os restante do país”, comemorou. 

 

Participação da classe tem de ser reforçada 


 

Batalha vencida, a aprovação da jornada diferenciada aumenta a responsabilidade dos técnicos em garantir o atendimento das demais pautas locais.  Entre elas está justamente a discussão central — ao lado das 30 horas — da última sessão do Consun: a paridade. A representação equânime das três categorias — discentes, técnicos e docentes — é requerida em duas circunstâncias na pauta: na consulta (eleição) para os cargos de reitor e vice-reitor em 2015 e na formação dos órgãos colegiados e cargos de direção. 

A lista de reivindicações de greve inclui ainda a regulamentação, por meio de resolução do CONSUN, do pagamento de adicional de penosidade (também conhecido como adicional de fronteira) para os servidores da UNILA; qualificação da infraestrutura universitária; a regulamentação, também via Conselho Universitário, de uma política de combate ao assédio moral; liberação para exercício sindical em atividades classistas; democratização, humanização e revisão da Política de Gestão de Pessoas; fortalecimento do projeto UNILA e, por fim, a institucionalização de um programa de assistência psicossocial aos TAEs. 

 

 

Saiba como participar


 

Além da participação nas assembleias, o servidor ou servidora pode colaborar com o movimento se juntando ao Comando de Greve. Foram criadas três comissões: de Ética, que analisa questões relativas à paralisação; de Atividades, encarregada da programação da greve, e de Comunicação, que divulga as ações e mantém a comunidade unileira e a população informadas.

Foram constituídos também três grupos de trabalho (GTs). Dois deles com encontros às tardes de terça (Gestão de Pessoas e Projeto UNILA) e outro na tarde de sexta (Adicional de Fronteira).

Regularmente são organizadas ainda atividades como o Acampamento Lúdico — em frente ao prédio da Reitoria — e o Cinedebate, às sextas à tarde, quando os servidores e servidores assistem a um filme e expõem suas impressões após a exibição.

Participe! Fique atento à programação no blog (http://www.greveunila2015.blogspot.com.br) e na página do Facebook (Greve UNILA).

segunda-feira, 29 de junho de 2015

“Agora já não dá mais pra voltar atrás” - Dia 29 de junho de 2015, uma data histórica!

 

Num outro 29, porém de maio, também fazíamos história, com a deflagração oficial da greve nacional dos técnicos-administrativos em educação (TAEs), a qual havia sido aprovada na UNILA duas semanas antes pela categoria, por unanimidade, a mesma unanimidade que regeu o CONSUN no inesquecível momento da aprovação da flexibilização de jornada de 30 horas em nossa universidade.

Uma conquista que deve ser dividida, pois é de todos aqueles que colaboraram participando de discussões e debates ao longo dos últimos doze meses, com maior intensidade nos 31 dias que movimentaram o coletivo nas estruturas físicas que compõem a instituição.

Foram seis assembleias que auxiliaram a constituição de três Comissões permanentes (Comunicação, Ética e Atividades) e a construção conjunta da pauta local (protocolada dia 09/06), deliberaram sobre as agendas de atividades e estratégias de ação, dando aos presentes oportunidade de receber também informes sobre a greve em nível nacional.

Mas como, de acordo com o texto bíblico, nem só de pão vive o homem, nem só de assembleia vive um TAE em greve. Uma série de ações, do âmbito lúdico ao político, do artístico ao formativo, foram pensadas para que este importante momento de consolidação da coletividade não fosse substituído pela aconchegante individualidade (por vezes dividida com alguém pra chamar de seu) por cobertores, chás de camomila e cortinas escuras.

Pra começar, tudo isso não teria sentido se toda a movimentação alusiva ao pleito anterior tivesse sido esquecida. Sim, estamos a falar do SINDIUNILA, seção sindical local de nossa categoria, que teve a posse simbólica da nova gestão, aclamada democraticamente em assembleia no último dia 28 de maio.

No afã de qualificar a instituição e o trabalho do servidor unileiro, foram constituídos três grupos de trabalho (Gts), dois deles com encontros às tardes de terça (Gestão de Pessoas e Projeto UNILA) e outro na tarde de sexta à tarde (Adicional de Fronteira). Os dois primeiros GTs trataram de analisar deficiências e excelências percebidas nas normativas dispostas no Estatuto e no Regimento Geral da UNILA, além de debater sobre os princípios e programas previstos no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), com base em dados do relatório da Comissão Permanecente de Avaliação (CPA), que denotou amplo desconhecimento da instituição por parte dos 89 técnicos-administrativos que responderam às questões formuladas.

Os debates permearam toda a instituição e suas problemáticas, com destaque para a presença de técnicos de diversas formações e unidades, de professores do Ciclo Comum, do pró-reitor de Gestão de Pessoas, Jair Jeremias Jr. e do assessor da Reitoria para a Graduação, Geraldino Alves.

Até agora, foram concluídas uma proposta de resolução acerca da paridade e de formulário a ser encaminhado aos participantes, sem contar alguns pontos norteadores resultantes dos Gts, tais como a necessidade de Revisão de Relatório de Avaliação, a Revisão de Documentos (PDI, RGU e Estatuto), a Revisão de Princípios e o Diagnóstico proposto.

Já o GT de Adicional de Fronteira opera na perspectiva da regulamentação do artigo 71 da lei 8.112, via decreto presidencial ou portaria de dirigente de autarquia, regulamentando o adicional de fronteira na instituição, seguindo o precedente aberto pelo procurador-geral da República aos servidores do órgão que atuam em regiões fronteiriças.

E que não pense o incauto colega que a luta se restringiu aos muros e grades da UNILA. Nossos intrépidos TAEs desbravaram terras oestinas em busca em apoio aos companheiros lotados nos campi de Santa Helena e Toledo da Universidade Federal tecnológica do Paraná (UTFPR), onde participaram ativamente de reuniões da categoria, debates sobre a greve e a questão das 30 horas, assembleias dos Comandos de Greve locais, bem como atos nas ruas daquelas cidades.



Logradouros públicos de Foz e Curitiba também foram testemunhas do nosso palmilhar, que na próxima semana, mais precisamente no dia 7, contemplará Brasília. A capital federal, que tem sediado constantes reuniões do Comando de Greve nacional (com representação unileira sempre presente), receberá, não exatamente de braços abertos, milhares de TAEs na próxima semana, mais exatamente no dia sete, que reivindicarão  melhorias quanto à carreira e uma proposta de aumento menos indecente que os 21% distribuídos em quatro anos. 

Importante salientar ainda a participação dos discentes no processo, com a realização de duas mesas de debate, pautadas na Reforma Universitária e na Paridade, duas questões de suma importância a todas as categorias que compõem a nossa comunidade.

Como nos bares da vida, saímos de uma mesa para outra, do debate à negociação. O vice-reitor  Nielsen de Paula Pires e o procurador da UNILA Egon de Jesus Suek receberam uma equipe de servidores assessorados pelo advogado do SINDITEST, Ramon Bentivenha, no último dia 18 (quinta-feira), para dar encaminhamento à discussão sobre a paridade e as eleições para reitor, bem como a – agora devidamente aprovada – implantação da jornada de 30 horas, além de questões de infraestrutura, liberação sindical e dos resultados parciais dos Grupos de Trabalho.

O encontro foi amplamente documentado e suas minúcias podem ser conferidas aqui mesmo, no blog da greve UNILA 2015 e na fan page nas redes sociais, onde também é possível encontrar que ainda detalhes sobre os dois Seminários de Greve já realizados, cujos temas foram Reforma Política e Universitária: Sociedade e Educação Emancipatória e Assédio Moral (02 e 25 de junho, respectivamente).

Em ambos os momentos, fomos brindados por brilhantes expositores, de indiscutível relevância em suas áreas de atuação, a saber: o juiz federal Marlon Reis e a professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), dra. Terezinha Martins dos Santos Souza, a Têca. 

Ocasionalmente, são promovidas ainda algumas ações-relâmpagos mais ostensivas e pontuais, como aquela que trancou as saídas de todos os veículos oficiais no último dia 18. Isto serve para que a comunidade acadêmica perceba, por meio da ausência quanto à prestação de algum serviço específico, a importância que os membros do corpo técnico-administrativo têm no dia a dia.

Vale lembrar que também compôs a programação do último mês uma belíssima ação voltada à doação de sangue junto ao Hemonúcleo de Foz do Iguaçu, que além de movimentar no dia 15 de junho mais de 50 servidores em prol da comunidade, sensibilizou diversos veículos de comunicação locais. Além disso, outra importante instância de diálogo com um dos mais avançados setores da sociedade civil organizada aconteceu com a participação de TAEs na Pré-conferência de direitos humanos e debate LGBT, no último dia 23.

Luz, Câmera, Ação! O Menino do Pijama Listrado? Certamente seria um título inadequado à ocasião e que talvez inspirasse alguns servidores menos assíduos às atividades de greve a seguirem seus encontros com Morfeu. Com a exibição do filme chileno “No”, de Pablo Larraín, no último dia 08, foi dada a largada para o primeiro Cinedebate, que teve continuidade no dia 18, com a película francesa “Entre os Muros da Escola” (Entre les murs, 2008), de Laurent Cantet.

Nesses encontros, um convidado atua como facilitador de um debate em que as questões inerentes à nossa realidade laboral são contrastadas com aspectos depreendidos da obra cinematográfica em exibição.

Como nos bailes da vida, diria o saudoso Fernando Brant, o “artista tem de ir aonde o povo está”! Nesse sentido, os acampamentos lúdicos têm ocupado semanalmente a calçada em frente ao prédio da Vila A, levando música, poesia e performances não somente aos trabalhadores lotados naquela unidade, mas aos transeuntes, que certamente saem de sua tranquila normalidade e param para interagir com a gente, gente de carne e osso que são também.

Enfim, são tantos os passos já galgados que, como versa a canção dos irmãos Borges, do Clube da Esquina, “agora já não dá mais pra voltar atrás”, ainda que o vento de maio nos pareça próximo quando sopra as nossas costas e que nem dê tempo de pensar na canção de Renato Russo quando o primeiro de julho passar, de tão compenetrados e conscientes que estaremos em nossa incansável luta, seguros de que não podemos nos iludir com esta primeira grande batalha vencida, pois ainda temos muito pó da estrada pela frente.


Assim caminha a humanidade, mas esta já é uma outra música, ou melhor, uma outra história...

Agenda de Greve - 30 de junho a 03 de julho.